A SEMÂNTICA DO TRE

Caro Alex e todos os leitores deste blogue, gostaria de discutir com cada um essa atuação do TRE-RJ nas questões eleitorais do Estado e em especial de Cabo Frio. Muito me deixou intrigado a declaração do presidente do TRE, desembargador Nametala Jorge por ocasião da cassação da prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, e seu marido, ex-governador do Rio, Anthony Garotinho. Disse o desembargador: “Os fatos foram inadmissíveis. O pleito eleitoral tem que ter uma lisura absoluta, trata-se de um direito da sociedade”.

Concordo plenamente com a afirmativa do ilustre magistrado, mas resta saber o que os juízes da Corte Eleitoral entendem por lisura. A palavra tem um significado abrangente porém a que melhor atende a sua tradução é honestidade. Mas ainda podemos citar liso, retidão, franqueza, sinceridade, lhaneza (franqueza, sinceridade, lisura, lealdade)

Ora, a língua portuguesa é muito rica, tem suas pérolas e suas singelas palavras. Encontrá-las, muitas vezes, é difícil. Às vezes precisamos fazer um texto rebuscado para impressionar e em outras vezes, precisamos partir para o chulo, para melhor exemplificar nossa idéia.

Vejamos então, a tal lisura antes que enverede por caminhos com vertentes jurídicas, complicadas, da qual completamente leigo sou e inadvertidamente, possa saltar da lisura do texto e cair na lama. Mas, de acordo com os dicionários, aquele que não age com lisura, age com deslisura, é rude, é abrasivo, é hipócrita e tem duas faces.

Vejam que viajar pela língua portuguesa pode ser uma viagem sem volta, a gente pode se perder no caminho. Mas lisura sei muito bem o que é. Como também não sou letrado e portanto não tenho capacidade, reconheço, de discutir a lisura sílaba por sílaba. Mas sabendo reconhecer seu significado e quando falta lisura no dia a dia, acho que, pasme, até no futebol às vezes falta lisura. Não é fantástico isso?!

A lisura a que o presidente do TRE se referiu, acredito, seja a honestidade. Pois bem, ele usou o caso do casal Garotinho para dar exemplo de deslisura. Foi um processo em que a prefeita, agora cassada, se beneficiou de práticas panfletárias da rádio e do jornal O Diário durante a campanha nas eleições de 2008. E como ela obteve mais de 50% dos votos, necessário é uma nova eleição.

Pois bem, o TRE agiu com lisura no caso casal Garotinho, agora fica a expectativa de que os juizes da Corte observem com a máxima lisura o caso de Cabo Frio onde atua um cidadão que se diz prefeito e que se mantém à base de liminares conseguidas a muito suor do povo Cabo-friense. O caso de Campos, como diria sem qualquer semântica, o cidadão comum no meio da rua: é pinto perto do caso de Cabo Frio.

E é mesmo! O cidadão que se diz prefeito amparado por 17 liminares concedidas pelo TRE-RJ, tem cerca de 400 processos eleitorais, entre os quais aquele que ele na maior cara-de-pau, com total desrespeito e desprezo pela lei, tentou comprar o Abilio Cesar do PT em troca de salários, aumento para a mulher, cargos para dez amigos, material de construção e muito mais coisas, onde o Ministério Público Eleitoral flagrou distribuição de cestas básicas a partir de um botequim transformando em comitê eleitoral. Uma vergonha só.

Como cidadão e eleitor aguardo com atenção a atuação do TRE neste caso. Haverá resgate da honra da Justiça ou vamos observar que a afirmativa de lisura do presidente do TRE-RJ, é apenas um caso de semântica.