O ACORDÃO DA IMORALIDADE

Por Dirlei Pereira - ex-vereador, empresário e colunista do Jornal da Cidade

Agora é oficial: o acordão contra Alair Corrêa, que coloca no mesmo balaio figuras historicamente antagônicas da política da região, acaba de ser anunciado. O inicio da trama, segundo informações, teria acontecido na semana passada no gabinete do prefeito de Búzios, Mirinho Branco (ele vem sendo chamado assim pelos buzianos a partir da notícia de sua aproximação com Marquinho Mendes, amigo inseparável de Toninho Branco).

Presentes, além do próprio Mirinho, Marquinho Mendes, Jânio Mendes e José Bonifácio. Ausente, mas também beneficiário direto do acordão, o vereador Alfredo Gonçalves. No cardápio, a formação de uma grande frente para enfrentar o deputado Alair Corrêa nas eleições municipais de 2012.

De tempos em tempos algum “gênio” da política de nossa cidade ressuscita essa lengalenga de frente anti Alair, única motivação do tal acordão. Às vezes com outros nomes, mas sempre com a mesma origem: as oligarquias, as famílias tradicionais, que nunca se conformaram com a carreira vitoriosa de Alair, um filho de família humilde, da Vila Nova.

E porque de novo esse chororô volta à ordem do dia? Desespero, puro desespero. Os donos do poder municipal perdem o sono toda vez que ouvem falar da volta de Alair a prefeitura. Sabedores de que não resistiriam a uma simples auditoria, borram-se de medo, medo de perder toda riqueza que amealharam ao longo desses anos e ainda saírem algemados pela Polícia Federal.

Há ainda outro grupo de desesperados com a volta de Alair, formado por aqueles especuladores imobiliários já conhecidos na cidade como “chapas brancas”, por sua profunda intimidade com o prefeito e seus irmãos. Enquanto a economia local dá claros sinais de fadiga, esses mágicos empreendedores gastam mais de 25 milhões na compra das áreas mais nobres e mais valorizadas da cidade. E o inacreditável nisso tudo é que o Ministério Público, tão eficiente e zeloso em outros casos, faça vistas grossas em relação à origem de toda essa dinheirama.

Não se pode perder de vista que esse acordão firmado por Marquinho, Mirinho, Alfredinho (o fujão), Janinho e Zezinho (tudo inho) é execrável sob todos os aspectos, já que feito na calada da noite, em porões sombrios e sob as mais densas e nebulosas trevas. Ele é imoral, porque recheado de conversas não republicanas e de negociatas, e porque quem vai pagar a conta é a “eterna viúva”, a prefeitura municipal, segundo denunciou o jornal Folha dos Lagos.

Assiste-se, a bem da verdade, a mais despudorada barganha de cargos públicos e contrato de obras públicas a que se tem notícia na história de Cabo Frio. E tudo sob o manto da mentira e da hipocrisia. Os legítimos interesses da sociedade jamais foram lembrados, ao contrário, foram vilipendiados e colocados a reboque dos escusos e inconfessáveis interesses de meia dúzia de lobos que sempre se travestiram de ovelhas.

A sociedade inerte, a tudo observa sem esboçar qualquer reação, num misto de cumplicidade, conivência e omissão. Toda a imprensa local amordaçada, calada, comprada. E o Ministério Público finge que não é com ele.

E na casa do povo (se é que se pode chamar aquilo de casa do povo) com raras e honrosas exceções, os vereadores usam do poder do mandato para viabilizar seus próprios negócios junto à prefeitura, fazendo na vida pública o que fazem na privada.

Nessa maracutaia toda, mais um péssimo exemplo teria sido dado pelo presidente da Câmara. Logo ele que tem o dever constitucional de zelar pela imagem do Legislativo. Alfredo Gonçalves, segundo denunciou neste sábado o jornal Folha dos Lagos, exige como quinhão no acordão o monopólio de 3 importantes secretarias: Educação, Governo e Promoção social. Se verídica a denúncia da Folha, os métodos usados por Alfredo se assemelham aos de qualquer traficante. Enquanto uns fazem o tráfico de drogas, de armas, de mulheres ou de órgãos, ele faria o tráfico de influência.

Nunca na história de Cabo Frio vivenciou-se tamanho descalabro do ponto de vista ético, moral, administrativo, econômico e social. Fomos atingidos em cheio por um apagão moral, por um tsunami ético e por uma enorme ressaca de falta de caráter e de princípios. Tais fenômenos não destroem apenas praias, decks, avenidas e calçadões, eles destroem sonhos e corroem as estruturas imateriais da sociedade.

Numa cidade milionária, é inaceitável que os alunos da rede municipal tenham 3,2 de média nacional e que falte merenda, que os profissionais da educação e da saúde continuem com salários de fome, que falte remédios nos postos e lençóis nos hospitais, que o senhor Deucélio, internado no São José Operário, fique com a boca cheia de bichos de mosca, que continuem as filas quilométricas nos hospitais, que exames levem meses para se realizar, que a casa de Wolney continue em ruínas, que desde a eleição de 2008 ninguém mais tenha recebido sequer uma cesta básica ou um saco de cimento, que continue a quebradeira do comércio local….

A sociedade organizada precisa dar um basta e dizer que não tolerará mais a empulhação dessa gente. Caso contrário, Alfredo Gonçalves vai acabar monopolizando a Promoção Social, a Educação e as licitações fraudulentas da Secretaria de Governo, Jânio Mendes vai acabar não despertando do profundo apagão mental que o levou a deletar tudo que disse sobre ética, moralidade e transparência ao se acumpliciar ao governo mais imoral de nossa história, Mirinho vai acabar fazendo igual a Toninho Branco, vindo morar na Praia do Forte e Marquinho Mendes vai acabar… Bom esse já acabou com tudo mesmo.


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